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Mensagem  Anna Qui Jan 08, 2009 3:30 pm

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Chapter I – Prologue.

[trechos do diário de Eileen Tatcher].

7 de outubro de 1994, sexta-feira.

Você já se perguntou se você merece realmente ter a vida que tem ? Se todo esse inferno é realmente onde você deveria estar ? Não estou querendo dizer que sou santa, mas minha vida é muito pior do que o que eu realmente mereço. Tenho tanta raiva dentro de mim que acho que seria capaz de matar meus pais, agora mesmo. Eles são tão nojentos e tão distantes que tenho vergonha de mim mesma por ser filha deles. Se eu não ficasse trancafiada neste quarto úmido o dia todo, já teria pego um daqueles machados lá fora e partido os dois ao meio. Sim! Eu os odeio, com todas as minhas poucas forças. Eles vão matar de novo... Aquele pesadelo vai recomeçar. Temos novos vizinhos. Depois de três anos de aparente tranqüilidade, alguma família desavisada vai morar na atraente casa no outro lado da colina. E eu não posso fazer nada pra impedir, não posso! Há um cão lá fora, sei que não é nosso. Aliás, sei que isso é um sinal do que está por vir. Mamãe deve estar colocando os objetos na mesa... Haverá um ritual mais cedo ou mais tarde, já posso sentir uma força maligna me rondando, já posso sentir novamente aquelas correntes em mim... Mas um dia, num futuro não muito distante, a família Tatcher vai pagar por tudo o que eu passei, e vai pagar em dobro.

15 de outubro de 1994, sábado.

Posso respirar aliviada. Meus pais se foram. Sim, morreram, se juntaram às almas do inferno que eles tanto invocavam. Estou livre daquela casa, daquele ambiente tão macabro. Fui enviada a um hospício, mas as pessoas daqui já estão me tratando de modo diferente, eles perceberam que eu não tenho problema algum, meus pais é que tinham. Mais cedo ou mais tarde serei liberada, e finalmente vou poder ter uma vida, uma história feliz.

19 de março de 1996, terça-feira.

Posso senti-los. Eles ainda me perseguem. Preciso de ajuda, preciso de um padre. É isso, vou à Igreja, o padre saberá o que fazer. Eles não vão vencer, não podem me prender de novos. Eles estão mortos. Mortos! E assim ficarão pra sempre. Mortos no meu pensamento, e no meu coração...

[fim dos trechos].

[8 de agosto de 2008, em algum lugar em Tennessee].

- Cara, estamos presos! – dizia um ruivinho sardento, no banco dos passageiros.
- E você acha que eu não sei, Dan? Vamos esperar a tempestade passar, daí nós vamos embora. – disse o motorista, um moreno forte com uma jaqueta dos Lakers.
- Está tudo escuro, cara... A gente ta no meio do nada... – resmungou Dan.
- Tá com medo, menininha? – implicou o outro.
- Vai dizer que você tá gostando de estar no meio do nada, no escuro e com um frio desgraçado?
- Mas não estou querendo chorar. Ei, cara! Ah, meu Deus, o que é aquilo?! – o garoto espantou-se de repente.
- O que?! O QUE?! Aaaah... Socorro! O que tá havendo, Harris?
- Seu grande idiota! Não há nada ali... – Harris se recostou no banco, contorcendo-se de rir.
- Ora seu... – Dan começou a dar socos em Harris.
- Você bate como a minha avó, seu medroso! – Harris continuava rindo. Um barulho estranho veio do porta malas. Os dois ficaram em silêncio.
- Foi você, não foi? – Dan olhou para Harris, sério.
- Não. Saia da frente! – Harris passou para o banco de trás e limpou o vapor do vidro com a manga da jaqueta, a fim de ver o que havia lá fora – Não enxergo nada, droga! Vou sair e olhar lá fora.
- Não! Tá maluco? E se for algum lobo ou urso? – resmungou Dan, empurrando o amigo de volta ao banco de trás.
- Deve ter sido só o vento... Ou vai ver foi um trovão ao longe. Vamos nos acalmar e ficar aqui, vou pôr uma música... Essa noite vai ser longa.

[...]

- OK. Entendi... Aham... Até mais. – Eileen falava ao telefone e olhava frustradamente um mapa – Liv, as outras estradas estão interditadas, melhor pegar o atalho no próximo trecho, ou o desvio do Km 17... É o que o departamento de polícia recomenda.
- Só quero chegar até a casa. A mãe deu mais detalhes sobre a menina? – perguntou Liv, com os olhos focados na estrada.
- Não. Aliás, ontem a ligação caiu logo depois que ela deu o endereço. Estranho...
- Ei, está vendo? – Liv apontava para a fumaça logo adiante.
- Algum acidente, suponho.
- Hum... Parece que o carro capotou. – suspirou Liv, ao ver os destroços do carro do lado mais baixo da pista – Melhor pedir ajuda.

As duas pararam o carro no acostamento e foram verificar os destroços. Haviam dois rapazes dentro do carro, com vários cortes profundo, e um deles com um dos braços arrancados. Liv ligou para o Departamento de Trânsito, passando informações sobre o acidente, e, logo que desligou, havia uma chamada em espera. Era a senhora que ligara na noite anterior, chorando e dizendo que sua filha havia sumido naquela mesma noite.

- Tem que achá-la o mais rápido possível! Ela pode ser um perigo...
- Eu entendo, Srta. Rosiers, mas não posso fazer nada! Ela quase matou a mim e ao pai! Sabe-se lá o que ela fará com quem for impedi-la.
- Compreendo...
- Gostaria que meu sobrinho e seu amigo já tivessem chegado... Eles me ajudariam a procurar.
- Seu... sobrinho e o amigo dele? – repetiu Liv, pálida.
- Sim. Droga, eu os avisei para não virem ontem à noite naquela tempestade, mas eles insistiram... – resmungou a mulher.
- Vou ter que desligar, Sra. Hastings. Até mais. – disse Liv, desligando sem esperar resposta – Um desses é o sobrinho dela, Eileen.
- Você acha que...
- Eileen! Olhe! – Liv a interrompeu, gritando. Havia uma menina logo mais à frente.
- É ela! É a nossa garota. – disse Eileen, correndo até o carro.
- O que vai fazer, Eileen?! Ela é só uma criança!
- Não, Liv... Ela é um demônio agora.

To Be Continued.
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Mensagem  Anna Sex Jan 16, 2009 10:48 am

Chapter II – Sad Birthday To You.

[dois dias atrás, em algum lugar de Tennessee].

Marian estava apreensiva, hoje era seu aniversário. Já eram três da tarde e ela colocara o melhor vestido para esperar o presente, que o pai traria de viagem. Algum tempo depois, o barulho de motor ao longe fez Marian despertar. Ela correu até a porta, ergueu-se o máximo que pode para olhar pelo vidro e avistar o velho carro azul de seu pai cruzando a estradinha e estacionando logo mais a frente. A pequena usou todas as suas forças para girar a grossa maçaneta, e saiu ao encontro do pai, dando pulos de alegria. Os dois se abraçaram longamente, e então o pai a entregou uma grande caixa rosa, que ela levou rapidamente para dentro da casa.

- Mamãe! Mamãe! Me ajude a abrir! – gritava Marian, sorridente e com seus olhos azuis brilhando de felicidade.
- Pronto, meu anjo, agora abra. – disse a mãe, delicadamente, desfazendo o laço branco que envolvia a caixa.
- É uma boneca, mamãe! E é enorme, uau! – disse Marian, abraçando fortemente a boneca.
- Apenas tenha cuidado, ela tem o rostinho de porcelana, querida.
- Tudo bem, mamãe. Vou chamá-la... Kessie!
- É um lindo nome, meu amor. Vou à cozinha, terminar de confeitar o seu bolo, vá brincar no jardim...
- Sim, mamãe! Esse será o melhor aniversário de todos. – disse Marian, enquanto ia para o jardim.

[...]

Já estava escurecendo, mas Marian nem se dava conta que a escuridão daquela noite a rondava. Nem sequer seus pais, que estavam ocupados com os últimos preparativos da festa da garotinha.

“This is halloween, this is halloween...” ¹

Marian olha ao redor. Conhecia essa música, mas... Quem a estaria cantando? O vento frio balançava os arbustos ao redor do jardim, Marian quis entrar, mas a música parecia enfeitiçar a menina.

“I am the "who" when you call, "who's there?", I am the wind blowing through your hair... I am the shadow on the moon at night, filling your dreams to the brim with fright” ²

Marian estava atônita. Tinha medo dessa música, e a voz fina e macia que a cantava lhe dava arrepios. Mas, por um motivo qualquer, a garota não conseguia sair dali. Ao contrário, sentia uma força que a puxava para dentro dos arbustos, uma força chamada curiosidade.

- Q-quem está... aí ? – a garota perguntava baixinho, pois temia a resposta.
- “This is halloween, this is halloween… Halloween! Halloween! Halloween!” – a misteriosa voz apenas respondia com mais música, que cada vez ficava mais alta, amedrontando ainda mais a garota.
- Mamãe! – gritou a garota, que já estava em meio às árvores da densa floresta. Estava perdida – Mamãe, me ajude!

A garota andava em círculos, olhando para as árvores, assustada. Pela primeira vez havia saído do seu mundo de historinhas felizes e carinhos antes de dormir, para enfrentar algo que mais parecia um conto de terror. Ela abraçava fortemente a boneca, que a essa altura era sua única companhia. Marian sentou próxima a uma árvore, e olhou ao redor: nem sinal das luzes de sua casa.

- O que vamos fazer, Kessie? – perguntou Marian, olhando fixamente para os olhos de vidro da boneca.
- Vamos brincar, Marian.
- Aaaah! – Marian largou a boneca, deixando em pedaços o rosto de porcelana. Começou a chorar, desesperada. Não, aquilo não era fruto de sua imaginação.

[Estrada de Tennessee – 8 de agosto de 2008].

- Acho que já podemos continuar, cara. – disse Dan, que passara boa parte da noite apreensivo.
- Eu to muito cansado, você dirige. – disse Harris, trocando de lugar com seu amigo.
- Falta pouco pra chegarmos, e ainda são 4 da manhã. Estaremos lá quando o sol nascer – disse Dan, esperançoso.

Após algum tempo de viagem, Dan vê algo no meio da pista e freia bruscamente, parando a poucos centímetros da “coisa”. Ele respira fundo, apavorado como sempre, e percebe a garotinha na pista, e um lobo ao seu lado. Harris não viu nem percebeu nada, estava num sono muito profundo. Dan não fazia idéia que aquela era a prima de Harris a quem estavam indo visitar. A garota era agora uma sombra pálida e suja, com o rosto totalmente iluminado pelos grandes faróis do carro. Dan diminuiu a luz do farol para ver melhor a face da garota, e teve uma terrível surpresa: seu rosto estava completamente cortado e desfigurado, mas apenas o rosto, pois no resto de seu corpo não havia nenhum arranhão sequer. Dan ficou imóvel, enquanto a garota se dirigia para a lateral do carro, olhando fixamente para ele. Violentamente, o carro começou a balançar de um lado pro outro. Dan não conseguia destravar as portas. Harris acordou assustado, viu toda a cena e não entendeu nada, nem reconhecera a prima. Os dois gritavam dentro do carro, desesperados em achar uma saída, mas não havia nenhuma: o carro caiu no pequeno precipício ao lado, tendo toda a sua estrutura esmagada e contorcida pelas grossas árvores. Marian desceu o precipício, o lobo entrou nos destroços do carro e alcançou o rosto de Harris, que foi estraçalhado, assim como Dan, que inclusive teve o braço arrancado.

- É ruim expressar dor, mas pior ainda é não expressar nada. – sussurrou Marian, sumindo entre as árvores.

[...]

Apenas uma hora havia se passado desde que Marian se perdeu. E durante essa hora, a menina continuou imóvel, com as mãos abraçando as pernas, o rosto molhado de lágrimas e o olhar fixo nos cacos que restaram do rosto de sua boneca. A música havia parado, mas agora havia o barulho macabro do vento batendo nas árvores por todos os lados. A garota levantou-se e olhou ao redor, gritando por seus pais e pedindo socorro, mas nenhuma resposta foi dada. Ela voltou a sentar-se, mas ao olhar para a frente, viu que sua boneca não estava mais lá, na verdade, é como se nunca tivesse estado, pois não havia nenhum caco entre as folhas. Marian começou a gritar, e saiu correndo sem rumo, por entre as árvores. Por sorte, a garota avistou as luzes de sua casa e correu com mai rapidez ainda. Os pais estavam no jardim, gritando por ela.

- Mamãe! Papai! – Marian gritou, deixando-se cair nos braços da mãe.
- Minha filha, meu Deus! O que houve com seu rosto?! – falava a mãe, desesperada.
- O que? Como assim mamãe? – Marian tocou em seu próprio rosto e pôde sentir cortes profundos, como rachaduras, e viu sangue em suas mãos. A menina abaixou a cabeça, chorando.
- Como deixou isso acontecer, filha?! – a mãe a interrogava, aflita.
- E-eu... Eu quebrei a boneca... Mamãe, Kessie...
- Tudo bem, meu amor, isso não importa. Compraremos outra... Mas, por favor, não entre mais naquela floresta, é muito perigoso! Venha, vamos cuidar desses cortes. George, vá à sala e cancele a festa, mande todos pra casa, mas ainda não conte nada sobre o que aconteceu com Marian.
- Por que, mamãe? Está com vergonha de mim? – disse Marian, lançando um olhar triste sobre a mãe.
- Claro que não! Eu só, bem...
- Você tem vergonha de mim! – gritou Marian correndo para dentro de casa.
- Marian, volte! – ordenou a mãe, mas já era tarde.

- Ei, vocês! – Marian gritava para os convidados que estavam saindo – A festa não acabou.
- Meu Deus! O que é aquilo na cara dela? – todos se perguntavam, espantados e confusos.
- Fiquem! Eu quero fazer meu desejo de aniversário e apagar as velinhas.
- Erm... Bem, pessoal, vamos deixar que Marian faça seu pedido, não é? – disse George, sem graça. Os convidados se aproximaram, ainda amedrontados. O pai acendeu as velas do bolo e todos começaram a cantar parabéns.
- Eu desejo... Que todos que estão aqui morram. – disse Marian, olhando para os convidados.
- O que está dizendo, Marian?! Que coisa feia... – disse sua mãe, espantada.
- E sabe o que mais? Desejo que EU possa matar cada um. – Marian lançou sua profecia, e todos os convidados começaram a correr, espantados, pois sabiam exatamente o que estava acontecendo. E sabiam que tudo se cumpriria em breve.

To Be Continued.

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